Depois de uma razoável estreia com Three Imaginary Boys (1979), os integrantes do The Cure deram início às gravações do segundo álbum, Seventeen Seconds. Foi nessa época que o baixista, Michael Dempsey, bateu em retirada para integrar o The Associates. Em seu lugar entra Simon Gallup, junto com Matthieu Hartley, que assume os teclados.
A parceria com o produtor Mike Hedges (que trabalhou como engenheiro de som em Three Imaginary Boys) era a peça que faltava para a nova empreitada do grupo.
“Não era uma coisa para te animar, era pra fazer você pensar mesmo. Era tão introspectivo e depressivo que também deixou a gente assim. Era um álbum muito, muito obscuro, e quando você trabalha com alguma coisa desse tipo, você não dá risadas nem fica sorrindo o tempo todo. Você fica profundamente afetado pela música, e quando terminamos de gravar, estávamos à beira de um ataque de nervos. Deus, como eu estava deprimido. Quer dizer, nós não brigamos no estúdio nem nada do tipo. Mas era tudo muito infeliz. Sabe, a gente até tomava uns drinks para relaxar entre as sessões, mas todo mundo levou as gravações muito a sério. Robert teve uma explosão catártica de emoções nesse álbum, e por causa disso, todos nós fomos afetados”, declarou Mike Hedges, que também assumiria a mesa de som no terceiro LP do grupo, o ainda mais pesado Faith.
Em 5 de abril de 1980, o The Cure lança “A Forest”, quarto single do grupo, extraído do álbum Seventeen Seconds.
Além da co-produção de Mike Hedges e a sonoridade que marcou o estilo da banda no início daquela década, a faixa representa vários momentos especiais para Bob Smith e companhia.
No dia 24 de abril do mesmo ano, o grupo se apresenta no programa Top of the Tops, graças à ascensão do novo single nas paradas musicais do Reino Unido, alcançando o 31º lugar (algo inédito para o The Cure até então). Destaque para a animação de Bob Smith no palco do TOTP.
Também foi através de “A Forest” que a banda lançou seu primeiro single em 12 polegadas, como alternativa à tradicional versão em 7″ e suas consideráveis edições que acabaram encurtando a música.
“A Forest” também marca a única gravação completa de Matthieu Hartley como tecladista do The Cure. O músico deixaria a banda após a turnê de 1980, alegando que todos “estavam indo para uma direção suicida, sombria”, o que pelo visto não lhe interessava nem um pouco.
Pulamos para 1981, no festival belga Rock Werchter, que marcou um pequeno desentendimento entre Robert Palmer e o The Cure. Enquanto a banda de Robert Smith finalizava seu set, Palmer fez com que sua equipe invadisse o palco e apressasse o final da apresentação.
Claramente irritado, o líder do The Cure fez questão de tocar a última música do show, “A Forest”, com nove minutos de duração e um “Fuck Robert Palmer” no final (assista abaixo).
Ao longo dos anos, “A Forest” seria remixada e regravada várias vezes pelo The Cure, aparecendo em compilações como Join the Dots: B-sides & Rarities 1978-2001 e Mixed Up.
Outra curiosidade sobre o single é quantidade de relançamentos por diferentes gravadoras: sete (That’s Fiction, Suretone, Geffen, Polydor, Elektra, Asylum e Sire). Um verdadeiro hit.